Projeto Erasmus Plus, Artes, Museus, Atividades ao Ar Livre e Aprendizagem’, em tempos de pandemia

Abre a porta e caminha

Open the door and walk

Cá fora

out there

Na nitidez salina do real

In the saline clarity of the real

Sophia de Melo Breyner Andresen, «Musa».

Em tempos de pandemia os projetos Erasmus do ensino básico e secundário adaptam-se a uma nova realidade. O Agrupamento de Escolas de Barcelos, parceiro do projeto Erasmus Plus ‘Artes, Museus, Atividades ao Ar Livre e Aprendizagem’ (com o acrónimo EDU-CULT) recebe de 28 de novembro a 3 de dezembro os pares da Bulgária, Chipre, Espanha, Grécia e Itália representados por três diferentes instituições destes países, Escolas/Jardins de Infância, Museus e Organizações Não Governamentais (ONG). É objetivo destas instituições trabalhar a articulação entre educação, arte e comunidade e, a partir dos seus próprios contextos, explorar, em conjunto, estratégias que promovam a inovação e a criatividade em contexto escolar. Assim foram definidos os seguintes objetivos: estimular o diálogo entre instituições de ensino, museus e comunidade. Atrair voluntários com interesse em história e arte em tempos de crise. Apostar em práticas inovadoras em jardins de infância e escolas que trabalhem para o desenvolvimento do pensamento criativo, a cidadania europeia das crianças e contribuam para uma consciência cultural da comunidade local e intercultural. (Re)construir uma abordagem inovadora do diálogo intercultural a nível regional e europeu, através do património, da cultura e das artes, em situações difíceis e exigentes como a atual crise pandémica. Incentivar à aprendizagem ao ar livre e nos museus, como oportunidade para fortalecer a aprendizagem criativa e o potencial de todos os participantes do projeto – crianças, pais, professores, personalidades culturais, voluntários. A cooperação entre as instituições visa criar oportunidades para atividades em museus, fora do contexto formal da escola, que agreguem valor à educação em geral e à educação, em particular, das crianças e jovens – incluindo a expressão criativa e artística, o interesse pela ciência, pela cultura, pelo património e pelas artes. Todas as atividades do programa serão desenvolvidas através das várias iniciativas propostas pelas instituições que são parceiras do projeto.

Pretende-se, assim, que os participantes possam contactar, conhecer e experimentar outras linguagens, outros suportes e outras formas de aprendizagem que consigam ter impacto na escola durante a atual crise pandémica e no futuro. É um projeto ousado e uma oportunidade de exceção, porque para além dos participantes se abrirem à perspetiva de um espaço comum, partilha dos conhecimentos específicos e diversos, propõe uma abordagem polissémica das artes, do exercício do ato criativo, da pedagogia inclusiva, da interculturalidade.

O ‘Artes, Museus, Atividades ao Ar Livre e Aprendizagem’ aposta também na motivação e no modelo de Learning Teaching and Training Activity (LTTA) dos participantes, levando-os a vivenciarem outras experiências, outras formas de pensar e outras maneiras de aprender. E mesmo que voltem a estar fisicamente afastados, que sejam depois capazes de explorar os ambientes virtuais de aprendizagem das diferentes instituições e, assim, potenciar a interação entre participantes e alunos, e entre estes e os recursos de aprendizagens.

O primeiro encontro LTTA ocorreu em outubro de 2021 na Bulgária. Essencialmente dirigido à formação dos parceiros, a Bulgária, enquanto país coordenador, permitiu situações de aprendizagem em jardins de infância/escolas, em museus e nas diferentes áreas temáticas do projeto, do teatro à história, à cultura e à arte.

Em Portugal faremos uma abordagem exploratória e formativa das danças tradicionais e do folclore português. Irão nortear o presente encontro as seguintes atividades: promoção das relações interpessoais e das dinâmicas do projeto entre os vários participantes; microaprendizagens sobre a dança tradicional e o folclore português – apresentadas e executadas pelos alunos da Escola Secundária de Barcelos; palestra sobre danças tradicionais e danças folclóricas com a Dra. Maria Paz Costa, seguida de demonstração pelo Rancho Folclórico de Barcelinhos; visita orientada ao Museu Cordofone Domingos Machado, Braga –  importância dos instrumentos de cordas na música e dança tradicional – contacto com a oficina onde se fabricam os instrumentos; visita orientada à Casa da Música, Porto, com acesso aos bastidores e à dinâmica quotidiana da preparação de concertos; workshop na Fundação de Serralves, Porto – a importância do serviço educativo da fundação e a adaptação do museu às imposições da pandemia; workshop no Museu de Olaria de Barcelos – o contributo da arte popular para a cultura e identidade portuguesa; visita orientada ao Museu do Traje de Viana do Castelo – a identidade e o património etnográfico português, as influências e a contemporaneidade do traje (materiais, motivos, cores) no nosso quotidiano. Destaque para a originalidade, criatividade e diversidade dos trajes do folclore e da ourivesaria portuguesa; aula prática: dramatização de tradições portuguesas pelos alunos do 1º ciclo da escola de Gilmonde em Barcelos, sob a orientação do Dr. João Figueiredo; Reflexão conjunta sobre as microaprendizagens desenvolvidas na formação LTTA e aprofundamento dos objetivos do Projeto.

O Agrupamento de Escolas de Barcelos sabe que na atual situação de pandemia este projeto é uma oportunidade e um desafio para, através das artes e da interculturalidade, apostar em pedagogias inovadoras. E o importante, como diz Sophia de Melo Breyner Andresen, é abrir a porta e caminhar, cá fora, na claridade salina do real, apesar dos condicionalismos externos e do difícil momento que atravessamos.   

Fernando Carvalho, coordenador do Clube Europeu do Agrupamento de Escolas de Barcelos

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